Apps combatem violência contra mulher

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Foto de pessoa segurando celular com aplicativo e xícara de café no fundo. Texto escrito: Você não está sozinha.
Da Geledés, aplicativo tem possibilidade da mulher cadastrar até três protetoras. (crédito da imagem: divulgação)

A cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. No tempo que você levará para ler este texto, cerca de 600 mulheres serão agredidas em nosso país, segundo dados atualizados em tempo real no Relógio da Violência, uma plataforma do Instituto Maria da Penha. Diante deste cenário, organizações e coletivos tem desenvolvido e disponibilizado aplicativos com o objetivo de apresentar a muitas mulheres vítimas a consciência de que não estão sozinhas, que existe onde pedir ajuda, e a importância de denunciar como forma de se proteger e se libertar.

 

Um desses aplicativos é o Juntas, uma plataforma da organização da sociedade civil Geledés. Nele, é necessário cadastrar o número de telefone, usando o DDD e, em seguida, inscrever três pessoas protetoras. Quando a mulher precisar de ajuda, basta apertar o botão de pânico e imediatamente será acionada uma “sirene” no telefone das protetoras, alertando que uma agressão pode estar acontecendo. Essas protetoras também terão, por meio do GPS do telefone, acesso à localização da mulher que pediu socorro. O aplicativo pode ser baixado no Google Play e na App Store.

Para as mulheres que residem em Porto Alegre (RS), o aplicativo da Geledés oferece ainda o PLP 2.0, destinado aos casos de medida protetiva expedida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Esses casos tem prioridade no atendimento da Secretaria de Segurança, que desloca uma viatura da Brigada Militar para o atendimento da usuária. A proposta dessa versão é ser discreta e rápida no socorro destas mulheres cujo risco de sofrer violência física é maior.

Mete a colher sim!

Foto de cinco mulheres abraçadas de costas e fundo de parede com grafiti.
Em pesquisa de satisfação, 4 mil mulheres responderam: 35% romperam relacionamento, 15% estão em processo e 50% estão em dúvida ou nem pensam em romper. (crédito da imagem: divulgação

Em 2016, um grupo de empreendedoras de Recife (PE) criou uma rede de apoio que ajuda mulheres a saírem de relacionamentos abusivos e cuja missão é justamente desmitificar o ditado: em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Foi assim que nasceu a startup Mete a Colher que oferece um aplicativo com uma rede de apoio a mulheres que podem ajudar voluntariamente outras a sair de situações de violência.

O app já conta com 13 mil usuárias de todo o país, das quais quatro mil já fizeram relatos de pedido de ajuda. Em média, quando uma mulher pede ajuda no aplicativo, ela recebe até três respostas de voluntárias. As voluntárias dispostas a auxiliar são: advogadas, psicólogas, professoras, entre outras. A faixa etária da rede varia de 18 a 35 anos. Todos os Estados do Brasil estão no aplicativo, com maior presença de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza.

A startup ficou entre os oito melhores projetos nacionais de inovação tecnológica na ImagineCup, uma competição organizada pela Microsoft em maio de 2017. No fim desse mesmo ano, também ganhou o prêmio de melhor em Impacto Social do Brasil, pela Associação Brasileira de Startups (ABS).

Em 2019, o Mete a Colher lançou uma plataforma para o mundo corporativo: https://www.sobreatina.com/. Um canal web voltado para atendimento a funcionárias de ambientes corporativos. “A ideia é garantir um ambiente mais amigo das mulheres e trabalhar na questão da nossa produtividade. A gente sabe que, quando sofre qualquer tipo de violência, não conseguimos produzir direito e ter um canal ajuda a dar orientações”, explica a jornalista Renata Albertim, CEO e co-fundadora do Mete a Colher. A startup está fechando parcerias com empresas grandes, como Carrefour e o Porto Digital.

Além do app, as empreendedoras também oferecem workshops para empresas, escolas privadas e públicas. A maioria das empresas em que essa atuação ocorre é da área de tecnologia.

Diálogo seguro

Foto de duas jovens mostrando celulares na avenida Paulista.
Aplicativo oferece o compartilhamento de informações e diálogo em ambiente seguro. (crédito da imagem: Nego Júnior)

GritaPenha, DefendePenha e EmpoderaPenha são as três áreas do aplicativo PenhaS, uma iniciativa do Instituto Azmina, que empodera a mulher por meio de informação e apoio. São mais de 3,5 mil mulheres conectadas no aplicativo em todos os estados do Brasil.

O GritaPenha é um ambiente de pedido de ajuda urgente e produção de provas, em que as mulheres podem cadastrar o número de até cinco pessoas de sua confiança para receberem SMS com pedido de ajuda em caso de urgência. Também permite ativar uma gravação de áudio para a vítima produzir provas.

Já o DefendePenha é um chat de apoio que permite que as mulheres dialoguem de forma anônima com outras usuárias do aplicativo. E, por fim, o EmpoderaPenha, é um espaço com as informações básicas sobre direitos e um feed de notícias sobre a violência contra a mulher com a contribuição de agências de comunicação como Huffpost, Jota e Agência Patricia Galvão. Também oferece contato de delegacias da mulher e serviços do Mapa do Acolhimento.

Ainda este ano, ocorrerá a primeira mudança: pedir ajuda para seus guardiões informarem sua localidade em tempo real. Segundo a jornalista Marília Taufic, coordenadora do PenhaS, está em andamento duas pesquisas com a rede do Instituto Azmina e com as usuárias do aplicativo que vão ajudar a traçar estratégias de melhorias para o app.

“Acreditamos que conectar as mulheres pode ser uma contribuição transformadora ao  enfrentamento da violência. A informação empodera e é extremamente necessária para ajudar a promover a libertação delas, que estão subordinadas a uma situação de dependência, de violência e de opressão. Acreditamos que a pessoa, ou grupo empoderado, é o sujeito da própria mudança”, conclui Marília.

 

 

 

 

 

Texto:  Susana Daniele Pinol Sarmiento 

Fonte: Setor3

2020-01-05T13:26:27-03:00